Obras recebidas na Biblioteca da Ajuda: Estudos e publicação de fontes

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A Real Biblioteca e os seus criadores: em Lisboa, 1755-1803 / Maria Luísa Cabral. - Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal, 2014.

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A segunda metade de Setecentos representa para as bibliotecas portuguesas um tempo maravilhoso, que teve o seu auge entre 1795 e 1803 quando surge a Real Biblioteca Pública da Corte.

Havia em Portugal muitas bibliotecas, muitas delas superiormente munidas de livros, algumas delas de iniciativa régia, mas em meados do século XVIII os seus procedimentos e organização não evidenciavam sinais de modernidade. Os cuidados e a atenção parecem concentrar-se na provisão desmedida de livros alcançada mercê da generosidade real. Com o Terramoto, a soberba Livraria Real desapareceu. D. José tenta colmatar a lacuna, compra bibliotecas a particulares, consegue contribuições várias mas o que ele está a preparar é ainda outra Livraria Real. A concretização do projeto de uma grande biblioteca pública cabe a D. Maria, tendo sido preciso fazer quase tudo a partir do zero. A forma como a Real Biblioteca irá evoluir demonstra que houve uma intenção política na decisão régia. A organização, estrutura e missão da Real Biblioteca atribuem-lhe uma responsabilidade idêntica à de outras instituições setecentistas na construção do Estado moderno.

Quatro personalidades, cada uma à sua maneira, contribuíram para a criação e sucesso do projeto da Real Biblioteca Pública da Corte: Manuel da Maia que primeiro referiu a urgência em dispor de tal equipamento; Cenáculo que idealizou uma grande biblioteca pública onde não poderiam faltar as preciosidades bibliográficas; Ribeiro dos Santos, profundo conhecedor de livros e bibliotecas que incansavelmente limpou, regulou, organizou, comprou; Sousa Coutinho, diplomata e político, convicto da imprescindibilidade da literatura de cariz científico de utilidade pública. Configura-se nesses anos uma mudança de paradigma tendo cabido à Real Biblioteca Pública da Corte arcar com essa missão.

A Bíblia Românica da Biblioteca da Ajuda: o manuscrito e seu percurso


Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa, Edifício ID, Sala 6 (Piso 0) | 28 Outubro | 10h00 
 
          por Xavier van Binnebeke


Resumo
Neste seminário aberto Xavier van Binnebeke dará a conhecer uma majestosa Bíblia românica (inícios do séc. XII) que tem, de certa forma, escapado à atenção dos investigadores. Os dois volumes da obra, preservados na Biblioteca da Ajuda em Lisboa, estão, com efeito, entre os mais antigos manuscritos iluminados existentes em Portugal. Graças a várias inscrições medievais foi possível identificar a sua proveniência. Para mais, a história subsequente deste manuscrito pôde ser detalhadamente reconstruída em função de diversos ex-libris, de fontes impressas do século XVIII, e de vários documentos arquivísticos de Lisboa e de Évora.
Xavier van Binnebeke discutirá ainda a escrita e a iluminura e problematizará o enquadramento deste códice na produção geral de bíblias românicas.


Abstract:
In the present lecture Xavier van Binnebeke will introduce the public to an imposing Romanesque Bible set that has hitherto escaped the attention of manuscript researchers. The two volumes, kept in the Biblioteca da Ajuda in Lisbon, are among the oldest illuminated manuscripts preserved in Portugal. Thanks to the identification of a series of mediaeval inscriptions the early provenance of the Bible can be securely pointed out. In addition, the later history of this exceptional set can be reconstructed in detail on the basis of several ex-libris, of early XVIII th century printed sources, and of archival documents in Lisbon and Évora.
The speaker will, moreover, discuss the script and the illumination, and seek to position the volumes within the development of Romanesque Bible production.